segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O campeão

Ashlen finalmente se rendeu e só não morreu com o peso do corpo sobre a espada, porque o inimigo a arrancou antes disso e o carregou apressado para o clérigo que curava Harfer. O braço de Harfer melhoraria, iria o deixar terminar de curar sem magia, queria a cicatriz. Ashlen foi tratado da melhor maneira possível, o sangramento parou e mesmo assim ele continuava inconsciente.

Ecktor tinha ajeitado novamente o cabelo que agora estava mais sujo de sangue. Com a armadura manchada ele parecia um demônio ou um herói obrigado a matar. Ele andou até a frente do rei, o público estava mantendo um silêncio dramático. A princesa tinha parado de chorar, mas apenas para implorar a Ishtar que não lutasse contra aquele homem. O guerreiro com a armadura cheia de sangue esperou o futuro rei se desvencilhar de Leighann e descer á arena para jogar a espada para o lado e cair de joelhos.

Ishtar olhava a multidão tentando entender o que tinha acontecido, pois eles gritavam de surpresa e alivio. Ecktor olhava os olhos gratos da futura rainha, os lindos olhos gratos da futura rainha que cruzaram com os seus pelo que pareceu toda a eternidade, então ela desviou os olhos para o chão e ele soube que tinha apenas começado a sofrer. Era inevitável vê-la tão de perto e não cair de amores pela menina, uma menina incrivel num vestido de mulher.

_ Meu rei, vim lhe implorar para ser seu campeão. Harfer não serve a ti e sim a Antharos, Ashlen é o campeão de outro reino. Permita-me ser o campeão do senhor, meu rei.

A multidão ouviu e era impossível duvidar de que tinham aprovado o homem. Um lutador fantástico, mas ser o campeão do rei não era somente isso.

_ Rei, tenho homens treinados e equipados, tenho terras ao sul na fronteira com a brigada e títulos de nobreza. Senhor rei, deixe-me ao menos servi-lo como um soldado.

A princesa olhava o chão, não queria se importar com o que acontecia, mas já era tarde. O rei sem opção:

_ Ecktor, eu o Rei de Antharos o torno agora Sir. Eu o torno agora meu servo e homem do exercito de Antharos. – O rei o consagrou com a espada da família real, a primeira e mais malfada de todas as consagrações que o rei faria.

Então Ecktor se levantou, guardou a espada e selou o pacto com o beijo ritual no rei, essa atitude era esperada por Ishtar que também tinha esse costume no seu reino, mas a Princesa não conseguiu conter um riso embaraçado e uns pensamentos inadequados a sua posição. Nesse momento sabendo que os desafios haviam acabado um grupo de garotas com ar virginal entra na arena carregando cestinhas com flores que são jogadas no casal real. Todas vestidas de branco dançando e causando uma confusão de vultos brancos, risos, perfume e flores, mas uma delas tinha os olhos fixos em Ecktor que se ainda tivesse controle sobre os seus sentimentos se deixaria levar de imediato por aqueles olhos castanhos avermelhados.

A futura rainha via seu príncipe como sempre, inabalável frente à confusão, para ela ele era uma certeza, mas uma certeza de necessidade. O rei de Antharos precisaria dela mais do que poderia imaginar. A rainha foi levada pelas meninas, o desafiante foi levado para tratar do pescoço, apenas o futuro rei ficou. Sozinho por um tempo olhando para a arquibancada cheia antes de ser levado pelos servos que cuidariam das próximas cerimônias.


O ceu era um mar cinza cortado por descagas elétricas, mas nenhuma gota e água tocava o solo. Jamais. Um vulto se esgueirava de sombra em sombra em direção ao grande castelo de ferro escuro que os monstros alados circulavam como abutres circulam a carniça. Os monstros eram grandes como dez homens, mas não tinham olhos, seguiam apenas o cheiro e os sons então o vulto seguiu seu caminho. Se esgueirou pela porta da frente e passou pelo labirinto e passou pelo fosso de fogo e passou pelo grande dragão de pedra que guardava as portas mais sagradas.

_ Meu mestre me mandou com um ultimato. Tuas títeres entre os mortais não serão toleradas. Seus filhos se ousarem ir contra a ordem divina serão destruidos junto contigo.

A princípio a sombra parecia falar com o vazio entre as esculturas, esculturas feitas de ferro ou pedras tão negras quanto ela, mas ao proferir a ultima palavra uma delas se mecheu levemente. Uma mulher de pele perfeitamente lisa, o corpo misturava a perfeição feminina com a força da pedra de que era feita. Os olhos se abriram como rachaduras que deixavam vazar o fogo que ardia sob a superfície e isso se repetia com todos os seus minimos movimentos.

_Diga que será como Cei desejar e diga também que os dias dele não serão tão longos se não me deixar em paz. Agora suma pelo buraco de onde veio.

E a sombra obedeceu a mulher em chamas e então o fogo sumiu deixando a superfície perfeitamente lisa e pacífica da estatua que ela era.

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