sábado, 5 de setembro de 2009

De principe a rei

O rei de Arckthee chegava ao quarto do filho, os passos pesados e lentos denunciavam o período de paz e prosperidade de seu reino. Esperava uma resposta, uma resposta obvia. O príncipe daria a ele tudo que pedisse, não importava o que poderia ser melhor para Antharos, menos ainda importava o que precisavam seus súditos. Só importavam os escravos das guerras vindouras e ouro dos tratados.
Somente Ishtar e Carlos no quarto junto deles varias jóias e armas decorativas, na parede a espada do rei de Antharos que seria de Ishtar essa noite. A roupa do rei para o casamento era uma armadura que parecia pesar uma tonelada, e era mesmo pesada, era necessário treinar muito para estar elegante nela. Era linda, completamente ornada, sem pedras, só metal, muitos metais, parecia o por do sol.

_ Não vou espoliar meu povo, pai.
_ Você se sente o rei e nem sequer viu por debaixo daquele vestido de florista.
_ Pai, se minha voz declara guerra contra o seu reino...

O príncipe deteve-se, talvez pela raiva que sentia do pai ou então por ressentir seu afastamento inevitável.

_Diga garoto, diga que os campos que lhe alimentaram beberiam o sangue de homens que lutariam até a morte pela sua honra.
_Pai, esse reino não vai ser seu pelas minhas mãos. Não se torne um inimigo de Antharos. O rei não irá perdoá-lo.

Ishtar diz isso não mais olhando para o pai e sim para a espada na parede.

_Sua lealdade não pertence a essas pessoas, a essa mulher, menina. Ajude seu povo. São apenas acordos e taxas, confrontos inevitáveis. Você é muito petulante de me ameaçar.
_ Pai, eu falo de soberania, justiça, dever. Quer que eu abdique aos três? Nunca. Não há nada mais sagrado.
_ Você diz essas bobagens, mas sabe que só se importa em receber a aprovação daquela menina. Uma menina. Nem dezessete anos e já é sua dona. Fique com ela, não espere meu brasão essa noite na cerimônia, vou agora mesmo. Não ouse também esperar ser bem recebido em minhas terras de novo, rapaz idiota.

O rei vira as costas para o filho. Nunca esperava isso dele. Do gentil Ishtar, o filho mais novo e mais fraco. Não era mais seu filho, era marido da flor de Antharos.

_ Boa viagem, não esqueça os presentes para sua rainha.
_ Quando não tiver mais nada que ela queira de você nem mesmo sua mãe vai o aceitar de volta.
_ Imbecil. Se fosse mais esperto veria que no dia da sua morte eu estarei ao lado de seu caixão, pois ela terá pena de você. Ela vai jogar flores vermelhas e brancas no seu tumulo e vai me obrigar a engolir toda a verdade que eu deveria te dizer. Nesse dia eu lembrarei de hoje. Meu brasão vai estar exposto, pois todos vão saber que minha rainha o perdoou.

O rei sai apressado. Deixa o castelo e logo está aos portões dos muros da cidade saindo irritado junto com meia dúzia de servos. Os outros iriam depois, alguns somente depois da cerimônia, mas o brasão real ia com ele. O campeão ficava para uma cerimônia que precedia o casamento, os campeões de ambos os cônjuges iriam defender o direito deles de casar, no caso o príncipe lutaria se eles perdessem. Alguns tinham esperanças, outros sabiam que nenhum mortal poderia vencer Ashlen o campeão de Ishtar, nem mesmo o príncipe, talvez apenas Harfer o campeão de Antharos. Mesmo assim Harfer ainda teria de lutar anos para se igualar a Ashlen e suas cicatrizes.


O jardim era literalmente infinito, não tinha fim e era o mesmo sempre. No lugar escolhido como centro um castelo de ouro e cristal suspenso no ar. As bandeiras e os brasões vermelhos tingidos com sangue. O único vermelho. O céu é azul claro desafiando o eclipse constante do enorme sol que deveria brilhar soberano, tudo de acordo com os desejos, as vontades dele. Exceto que o castelo está vazio. Nenhuma alma, os salões vazios nos quais a música são os passos solitários do soberano. O brasão de três rosas na armadura, uma vermelha, uma negra e uma branca.

O silencio se faz total enquanto ele observa seu próximo desejo, o homem está parado diante de um arco onde o que se vê é a cidade de Arghan a capital de Antharos. No meio da cidade a grande arena onde uma cerimônia de contestação acontecia todos os lugares lotados, todos os nobres de Antharos, os mais influentes do resto do mundo. Bem no meio da arena a flor que ele ainda não tinha, Leighann. Teria tudo que desejasse.

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