sábado, 5 de setembro de 2009

Poeira e realeza

O casal real entrava na arena, a carruagem era aberta, os dois de pé sendo puxados pelos corcéis pretos e fortes usados desde que se pode lembrar pela realeza de Antharos. As pessoas jogando flores rosadas e alaranjadas. As chamas ardendo de varias cores na arena, completamente desnecessário, pois ainda é dia, parte da cerimônia. Os campeões ladeando o carro ornado em prata e platina com o brasão de Antharos na frente do carro e nas cabeças dos cavalos.

A cerimônia era para dar a todos uma oportunidade de se opor ao novo rei. Ao que seria o maior rei dos homens, e talvez fosse motivo da união entre dois reinos. Muitos aproveitavam a oportunidade para ter um duelo com o campeão ou tentar assassinar o rei. Nunca um rei morreu antes de receber a coroa.

O publico vibrava enquanto os campeões desafiavam a todos, brandiam as espadas, ameaçavam, gritavam, Harfer batia no escudo enquanto Ashlen batia no peito nu e cheio de cicatrizes. As cicatrizes de Ashlen fariam qualquer veterano ter vergonha de suas batalhas, ele parecia ter ido ao inferno e voltado. Pior, voltado mais forte e terrível. Os braços tinham cicatrizes também, assim como o rosto, as do rosto eram as menores e menos assustadoras. Ashlen sempre lutou com elmo reforçado. Já Harfer era conhecido pela habilidade com o escudo, mais mortal que muitas lanças e foices, nunca foi ferido gravemente o que é um orgulho e uma vergonha. O rosto imaculado era como um atestado de inexperiência, principalmente aliado a beleza quase feminina e o estilo de luta dançado.

Quebrando o silencio apenas um gotejar lento e distante. Uma vela cansada iluminava o lugar, porém não se via nada alem de uma mesa de madeira e o piso de pedra velha que parecia não ter fim. Somando-se ao gotejar o som de passos se torna cada vez mais alto. Apenas uma pessoa. Um homem num manto marrom escuro, ele leva a vela embora. A luz denuncia uma porta velha que da para um cômodo grande. Prateleiras imensas até aonde a luz chega. Bolas de vidro fosco do tamanho de laranjas se espalham por elas. Algumas delas parecem conter uma fumaça densa e agitada. O homem apanha uma delas e imediatamente ela brilha revelando um campo verde e um céu azul. Ela é posta de lado e o homem apanha outra esfera, que mostra uma arena num reino de homens.

_ Eu disse para procurar como um deles e decidiu ser um deles. Boa escolha. Vai sentir como eles, sofrer como eles, sangrar como eles e enfim vou te esmagar como um deles. Boa sorte senhor das espadas. Seu tempo vai acabar logo.

As sombras tremiam enquanto o homem falava como se suas palavras fossem a própria luz da vela. Um sorriso malicioso cortou seu rosto, estava começando a antecipar os fatos e pensar na vingança de Silen. Ela ainda nem conhecia o motivo da vingança, mas teria sua revanche e ele iria garantir isso imediatamente.

_ Leve isso a Silen- disse deixando a bola cristalina cair fosca no chão- Diga que é um presente, a curiosidade dela é maior que a prudência. Mesmo sabendo que não deve, ela vai olhar.

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