Do meio da multidão um homem pula para o meio da arena. Armadura de batalha completa, parece impenetrável e pesada. Feita de um metal escuro, ornada ostensivamente com ouro nas extremidades, como se fosse um eclipse. No meio do peitoral três rosas, uma branca, uma negra e uma vermelha e brilhante, vermelho sangue. O homem avança em direção aos noivos. Um dos campeões vai aceitar o seu desafio.
Ashlen da a escolha para Harfer. O que é uma droga pensou Harfer, esse homem pode ser qualquer um, mas não é um qualquer. Se perder e Ashlen ganhar, vira imediatamente uma vergonha para o reino. Se deixar Ashlen lutar primeiro e esse ganhar a luta, vira uma vergonha igual. No fim, é melhor lutar e ter a chance de provar a si mesmo para todos os bastardos que não tem coragem de enfrentá-lo, mas tem coragem para difamá-lo.
_ Saque sua arma, começamos a lutar quando a princesa ordenar.
O homem tirou da bainha uma espada comum de lamina reta, provavelmente feita para o corte em golpes angulosos e não para estocadas. Pelo menos combina com a armadura que sugere um lutador lento e forte. Nenhum problema para Harfer.
A princesa olha em volta um pouco constrangida e procura a mão do príncipe, conseguindo o apoio que queria faz um meneio de cabeça e diz quase sem voz que podem começar.
Os dois homens se analisavam, Harfer fez uma mesura, quase uma zombaria de tão respeitosa. Vindo de qualquer outro provavelmente seria uma. Os dois arrastam os pés ao mesmo tempo, todos podem ouvir os pedriscos e a areia. A multidão faz silêncio completo. O primeiro movimento é de Harfer, uma estocada bem franca, porém feita com força e segurança. Como era esperado o guerreiro desvia do golpe que visava a fresta entre o pescoço e o elmo. Mais rápido que o esperado, inicialmente um movimento curto só com o tronco. Ao fim um giro de corpo e estava atrás de Harfer que evitou uma estocada com um salto lateral.
Leighann tapou os olhos e suspirou. Não tinha coragem de espiar. Ishtar e Ashlen vibravam, queriam os dois estar lá. O desafiante fez uma mesura como a de Harfer no começo e essa talvez fosse uma provocação. O campeão da princesa aceitou-a. Fez uma investida, dois passos largos, escudo na frente do corpo e a lamina escondida no escudo. O oponente cravou a espada no chão e esperou Harfer, quando teve a chance agarrou a aba superior do escudo e o puxou para baixo. Na posição em que estava, meio agachado um golpe de cima seria muito pouco provável e se fosse tentado poderia ser o fim da luta para Harfer. Estava certo, o golpe viria por baixo do escudo, chutou a espada fincada no chão para conseguir fugir da estocada do campeão que quase quebrou sua espada fina no chão. Harfer teve de fazer algumas acrobacias impossíveis para qualquer outro no seu lugar para evitar perder sua lamina. Alguns giros e estava de volta a sua pompa e com uma vantagem, é o único armado.
O desafiante aparentemente percebendo que Harfer era rápido, mesmo com a armadura que usava, e não iria cometer nenhum erro terrível no ataque resolveu atacar de mãos vazias. Três passos largos devido a distancia gerada pelas ultimas manobras, levou uma pancada do escudo na cabeça, mas conseguiu imobilizar o braço da espada e encostar o corpo no do adversário que o acertava repetidas vezes com o escudo tentando se afastar e livrar o braço que estava sendo esmagado e torcido. Um movimento rápido de pernas e Harfer já estava no chão desarmado, porém antes que pudesse fazer qualquer coisa ele já tinha apanhado a espada cravada no chão e estava de pé sorrindo afetado.
Toda multidão que estava muda gargalha da situação, os lutadores de armas trocadas. Num acordo silencioso feito em meio as gargalhadas eles fincam suas espadas no chão e fazem um circulo para destrocar as armas. Harfer da um passo lento e curto para o lado. O desafiante para frente aderindo a uma postura de luta diferente. Harfer avança numa carga cautelosa, o homem joga-lhe a espada que crava no escudo e perfura o braço de Harfer o deixando inútil e acabando com a carga. Antes que possa pensar no que fazer o atacante já o derrubou e arrancou a espada de seu braço.Tenta uma acrobacia mas o peso do escudo e do braço imóvel o atrapalham.
Depois de arrastar uns passos na areia tenta uma nova investida num estilo mais ofensivo, pois é tudo que pode fazer. O outro homem é acertado no elmo que fica amassado, porém o golpe foi aparado e a lamina de Harfer quebra devido ao modo como foi o choque. Um empurrão e uma ponta na garganta e Harfer desiste da luta possivelmente aleijado. O homem tira o elmo revelando um rosto tão belo quanto o dele ou até mais, Bronzeado de olhos azuis gelo e longos cabelos loiros. Se ajoelhou ao lado de Harfer e disse :
_ Meu nome é Ecktor, espero poder lutar ao seu lado. Agora deixe-me ajudá-lo a sair da arena com dignidade . Está sangrando muito, precisa de alguém para cuidar disso.
Harfer aceita a ajuda do homem. Zonzo, precisava mesmo de ajuda e talvez ao conseguir ajuda os sinos parassem.
_Vi o símbolo no interior do escudo, o deus da guerra se orgulharia de ter alguém assim como seguidor. É um bom guerreiro Harfer.
Uma nevoa fina cobria o chão, o frio imóvel do ar emprestava ao lugar um silêncio fantasmagórico. Algumas pedras pareciam sair da neblina como icebergs, enquanto alguns olhos vermelhos espreitavam uma dupla inusitada. Um homem vestido num manto preto e uma mulher.
A mulher estava vestida com fitas pretas que dançavam no ritmo de uma brisa suave que não existia. As pupilas vermelho rubi, a pele branca como a neve, os traços finos e angelicais e por fim um corpo voluptuoso que sozinho podia causar todas as guerras. O símbolo do deus da morte num broche de ouro entre os seios e uma espada presa a cintura eram tudo que tinha além das fitas.
_ Não quero um presente do seu senhor. -Ela dizia isso, pois sabia que não devia aceitar, mas era um desafio tentador e o único jeito de saber qual o plano dele. - Carregue isso com você quando sair.
Ninguém ouviu suas ultimas palavras. Ela olhava fixo para a esfera e via o casal mais poderoso dos homens tremer, os mais ferozes dos homens sangrar e via desejo e via inveja e via um homem numa armadura dourada e preta. Ecktor. Seria dela, sim seria dela o mais forte dos homens. Ela sabia que tinha caído num truque simples, mas agradeceria ao destino mais tarde.
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